Dados do Trabalho
Título
CIRCUNFERENCIA DA PANTURRILHA AJUSTADA OU NAO PARA ADIPOSIDADE TEM UM VALOR PROGNOSTICO RUIM EM PACIENTES CRITICOS: UMA ANALISE SECUNDARIA DE UM ESTUDO DE COORTE
Introdução
A massa muscular reduzida é um preditor independente de desfechos adversos em pacientes hospitalizados. A antropometria, principalmente a medida da circunferência da panturrilha (CP), oferece vantagens como marcador substituto de massa muscular, por ser simples, rápida, de baixo custo e de fácil obtenção em ambientes clínicos.Contudo, é um parâmetro influenciado pela adiposidade.
Objetivos
Avaliar a capacidade da CP ajustada ou não para o índice de massa corporal (IMC) em predizer mortalidade na UTI e hospitalar, tempo prolongado de internação na UTI e no hospital e readmissão na UTI em pacientes críticos.
Método
Análise secundária de um estudo de coorte que envolveu pacientes >18 anos, admitidos em 5 UTIs de um complexo hospitalar. O peso e altura foram autorreferidos pelos participantes ou seus familiares e o índice de massa corporal (IMC) (kg/m2) foi calculado. Nos pacientes sem edema, a CP foi aferida com o paciente no leito, joelho semiflexionado (ângulo de 90 graus), com fita inelástica e classificada como reduzida a partir de duas abordagens : 1) não ajustado, considerando os valores brutos de CP e os pontos de corte validados para a população brasileira: ≤ 34 cm para homens e ≤ 33 cm para mulheres 7; 2) CP ajustada para IMC, nos pacientes com IMC >25 kg/m2, diminuindo da medida da CP 3, 7 ou 12 cm (IMC 25–29,9, 30–39,9 e ≥ 40 kg/m2, respectivamente). Após o ajuste, consideramos os mesmos pontos de corte aplicados para classificar os valores brutos de CP. Avaliamos a validade preditiva da CP (não ajustada e ajustada para IMC) através da regressão de Cox para óbito na UTI e hospitalar como variáveis dependente e regressão logística para tempo prolongado de permanência na UTI e hospital e readmissão na UTI como variáveis dependentes.
Resultados
Foram incluídos 325 pacientes (mediana de idade 63 anos (IIQ: 53; 70) e 57,2% homens), a mediana do IMC foi de 24,9 kg/m2 (IIQ: 22; 28,7), e a medida média da CP bruta e da CP-IMC ajustada foi de 34,7 cm ± 4,6 e 32,4 cm ± 3,7, respectivamente. A frequência de CP bruta reduzida foi de 40,6%, enquanto de CP-IMC ajustada foi de 64,9%. A CP foi independentemente associada à readmissão na UTI após o ajuste da idade e do escore SOFA quando considerada como variável contínua (valores brutos e ajustados para IMC). Foi evidenciada redução de 12% na chance desse desfecho para cada 1 cm de aumento da CP. A CP reduzida (não ajustada e ajustada para IMC) não foi preditora independente de nenhum desfecho de interesse.
Conclusão
A CP, independente do ajuste para o IMC, demonstrou baixo valor prognóstico em pacientes críticos.
Palavras Chave
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA; AVALIAÇÃO NUTRICIONAL; ANTROPOMETRIA; MASSA MUSCULAR;
Área
Avaliação Nutricional
Instituições
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
SIMONE BERNARDES, DANIELLE SILLA JOBIM MILANEZ, ELISA LOCH RAZZERA, BRUNA BARBOSA STELLO, FLAVIA MORAES SILVA